Por que sentimos que estamos caindo ao pegar no sono?

Sentir que estamos caindo ao pegar no sono é uma experiência comum, mas muitas vezes intrigante.

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Este fenômeno desperta dúvidas tanto em quem já passou por ele quanto nos curiosos da ciência.

A verdade é que há explicações biológicas e neurológicas para essa sensação.

Entender o que acontece em nosso corpo nesse momento pode transformar a forma como percebemos o sono.

Por que sentimos que estamos caindo ao pegar no sono?

Sentir que estamos caindo ao pegar no sono é uma experiência surpreendentemente comum, mas poucas pessoas entendem o que realmente está acontecendo.

Essa sensação repentina, quase como um tropeço no vazio, recebe o nome técnico de “espasmo mioclônico”. Apesar de parecer alarmante, na maioria dos casos, ela não representa nenhum problema grave.

O fenômeno acontece durante a transição entre a vigília e o sono, quando o corpo começa a relaxar de maneira profunda. O cérebro, percebendo esse relaxamento abrupto, às vezes interpreta erroneamente essa mudança como se estivéssemos realmente caindo, acionando uma resposta muscular para tentar “nos salvar”.

Curiosamente, esse mecanismo de reação pode ser um vestígio evolutivo de nossos ancestrais, que precisavam de um sistema de alerta rápido para se protegerem de quedas reais durante o repouso em ambientes perigosos.

O que são os espasmos mioclônicos ao pegar no sono

Definição de espasmos mioclônicos

Espasmos mioclônicos são contrações rápidas e involuntárias de um grupo muscular ou de vários músculos ao mesmo tempo.

Por que sentimos que estamos caindo ao pegar no sono?
Foto: Burst/Pexels

Quando acontecem no momento em que estamos adormecendo, são chamados de “espasmos hipnagógicos”, em referência ao estado hipnagógico, que é a fase de transição entre o estar acordado e o dormir.

Eles geralmente ocorrem nos braços, nas pernas ou em todo o corpo, podendo ser leves ou intensos o suficiente para acordar a pessoa. Apesar de assustadores para quem os experimenta pela primeira vez, são considerados fisiológicos e não indicam, isoladamente, nenhum distúrbio do sono.

Por que eles acontecem?

Existem várias teorias que tentam explicar por que os espasmos mioclônicos acontecem. A mais aceita é que eles são causados por pequenas falhas na comunicação entre o cérebro e os músculos durante o processo de desligamento do sistema motor.

Quando o relaxamento é muito rápido, o cérebro pode interpretar isso como uma queda e, em resposta, acionar músculos para corrigir o suposto desequilíbrio.

Além disso, o cérebro também pode reagir a estímulos internos, como batimentos cardíacos desacelerando ou respiração mudando de padrão, interpretando essas mudanças corporais como ameaças.

Estudos como os publicados pela Sleep Foundation indicam que cerca de 60% a 70% das pessoas relatam ter sentido esses espasmos pelo menos uma vez na vida.

Fatores que influenciam a sensação de queda ao pegar no sono

Estresse e ansiedade

Quando estamos estressados ou ansiosos, o corpo permanece em um estado de alerta prolongado, conhecido como “hipervigilância”. Esse estado dificulta a transição natural para o relaxamento completo. Assim, no momento em que começamos a relaxar para dormir, o cérebro interpreta essa mudança repentina como um perigo potencial, resultando em espasmos mioclônicos.

Além disso, altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, podem deixar o sistema nervoso mais propenso a reações abruptas.

Fadiga física e mental

Corpos extremamente cansados também estão mais sujeitos a espasmos ao pegar no sono. Isso porque a necessidade de descanso é tão intensa que a passagem da vigília para o sono se torna mais brusca, aumentando a probabilidade do cérebro reagir de forma confusa ao relaxamento muscular.

Atletas ou pessoas que fazem atividades físicas intensas, especialmente perto da hora de dormir, relatam uma incidência maior desses espasmos.

Consumo de estimulantes

Cafeína, nicotina e outros estimulantes prolongam o estado de alerta do sistema nervoso central. Ao tentar dormir após o consumo desses produtos, o corpo entra em conflito interno entre a necessidade de descanso e a excitação química, o que aumenta a frequência dos espasmos.

Portanto, evitar o consumo desses compostos no período da noite pode diminuir significativamente a ocorrência da sensação de queda.

O que acontece no cérebro enquanto estamos pegando no sono

Mudanças neurológicas durante o adormecimento

Durante o processo de adormecer, o cérebro passa por alterações elétricas profundas. Primeiro, ele reduz a atividade das ondas beta, associadas ao estado de alerta, para ondas alfa, ligadas ao relaxamento. Posteriormente, entram em cena as ondas teta, que caracterizam o início do sono leve.

Essas mudanças rápidas na atividade cerebral são fundamentais para o descanso, mas também podem provocar pequenas falhas na percepção corporal, como o falso alarme de queda.

Interpretação errônea do relaxamento muscular

Além das ondas cerebrais, outras regiões importantes, como o tronco cerebral e o tálamo, desempenham papéis cruciais. Quando essas áreas detectam um relaxamento muscular repentino, podem enviar sinais para os músculos reagirem, interpretando erroneamente essa ausência de tensão como sinal de risco iminente.

Quando a sensação de queda ao pegar no sono é preocupante?

Identificando sinais de alerta

Embora os espasmos ao pegar no sono sejam considerados normais, há situações em que eles merecem atenção especial.

Por exemplo, se os episódios forem extremamente frequentes, acompanhados de movimentos violentos, ou estiverem associados a outros sintomas como dificuldade para respirar, fortes dores ou cansaço extremo ao acordar, é importante procurar um especialista.

Possíveis condições relacionadas

Em casos raros, esses espasmos podem indicar distúrbios como:

  • Mioclonia noturna: espasmos repetitivos que fragmentam o sono e impactam a qualidade do descanso.

  • Síndrome das pernas inquietas: desejo incontrolável de movimentar as pernas, especialmente à noite.

  • Distúrbios neurológicos: algumas formas de epilepsia noturna podem se manifestar com movimentos abruptos durante o sono.

Caso haja suspeita, o ideal é buscar um neurologista ou especialista em medicina do sono.

Como reduzir a sensação de queda ao pegar no sono

Estabeleça uma rotina de sono regular

Manter horários consistentes para dormir e acordar ajuda o corpo a sincronizar o relógio biológico, conhecido como ritmo circadiano. Assim, a transição para o sono se torna mais suave, diminuindo a chance de espasmos.

Evite estimulantes no fim do dia

Diminuir o consumo de café, refrigerantes e bebidas energéticas algumas horas antes de dormir é uma maneira simples, mas muito eficaz, de reduzir a ativação do sistema nervoso no momento do repouso.

Adote técnicas de relaxamento

Práticas como respiração consciente, meditação, aromaterapia e ouvir músicas relaxantes têm efeitos comprovados na redução dos níveis de cortisol e na facilitação do relaxamento muscular e mental.

Aplicativos como Calm e Headspace são excelentes aliados nesse processo.

Mantenha um ambiente propício ao sono

Ambientes escuros, silenciosos, e com temperatura agradável favorecem a liberação de melatonina, o hormônio do sono. Evitar luz azul de celulares e computadores nas horas que antecedem o sono também é fundamental para preparar o corpo para uma noite tranquila.

Compreendendo melhor os mistérios do sono

Investigar por que sentimos que estamos caindo ao pegar no sono é mergulhar em um dos aspectos mais fascinantes da neurociência.

Essa sensação, embora desconcertante, é um lembrete de como nossos corpos são programados para proteger nossa integridade, mesmo durante o descanso.

Compreender essas reações nos permite não apenas desmistificar experiências noturnas como também adotar hábitos que favoreçam um sono mais reparador e saudável.

Continuar buscando conhecimento sobre o funcionamento do sono é essencial para quem deseja melhorar sua qualidade de vida de maneira consciente e informada.

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